terça-feira, 13 de abril de 2010

O Bê-a-bá da Camara de Vereadores

Os vereadores de Itaberaba, na sua maioria, não têm tido um papel muito representativo para a sociedade e têm demonstrado ao longo do tempo ser apenas uma extensão do Poder Executivo. Até aí não existe muita novidade, mas os vereadores João do Filé e Maria Milza nas últimas sessões colocaram mais “pimenta” na discussão sobre a representatividade e a formação dos vereadores para atuarem na câmara legislativa.

Nas ultimas sessões, foi levantado por esses dois vereadores que o vereador Dito (PT) “se acha mais inteligente que os outros vereadores da Casa.” Depois disso eles mesmo que fizeram insinuação, disseram que se “todos são vereadores, que são iguais e merece respeito”. Não se contentando com isso, Maria Milza foi além dizendo que se eles não têm uma boa escolaridade é porque os pais deles não tiveram condições de os colocarem em boas escolas.

Reconhecidamente a educação pública é um caos e para a população mais pobre, o que resta é aprender mesmo à revelia das intuições educativas. Porém, não é essa a formação que de fato deve orientar as práticas dos vereadores. Ao darem tamanha ênfase no discurso a escolarização (mesmo que só ficando no discurso, já que não percebe as atrocidades cometidas na educação do município) esquecem de algo que é primordial: a formação social e política.

O envolvimento social e a participação na luta direta da população é uma das experiências mais ricas para alguém que se preocupa com os problemas sociais. Diversos são os exemplos de pessoas construíram sua identidade dentro dessa práxis, a exemplo do presidente Lula que mesmo tempo pouco acesso a educação formal, se formou dentro da luta contra a ditadura militar, pelas Diretas Já e pela causa da classe trabalhadora.

Para os vereadores que não tiveram tal formação, fica impossível defender um mandato popular por não conhecer de perto os problemas da população. Esses continuarão acreditando que fazer um trabalho relevante para o povo é marcar exames ou levar pacientes para Salvador. É achar que fazer pedidos de providência para tapar os buracos das ruas é o suficiente. É dizer que a oposição é salutar no processo democrático, no entanto ser governista em qualquer situação.

Esses mesmos que sempre dizem que foram eleitos pelo povo, sem esse envolvimento social, jamais permitirão que a população participe mais efetivamente da vida pública. Sempre se silenciarão com a falta de autonomia dos conselhos municipais, das injustiças contra os trabalhadores, jamais ouvirão os gritos daqueles que gritam nas filas dos hospitais, nunca se engajarão na luta por melhorias sociais, por respeito e dignidade da vida humana. Isso não se aprende na escola, tampouco apenas se tornando vereador.

É importante o conhecimento acadêmico, mas de nada vale se esse conhecimento não for colocado a serviços do povo e em muitas situações acontece justamente o contrário: esse conhecimento é utilizado para burocratizar e impedir a participação popular. É fundamental saber que se a educação publica anda precária, é justamente por não está associada à luta pelas transformações e os vereadores negligenciam essa relação. Enquanto tivermos vereadores que se limitam a ler a cartilha do executivo e repetir sempre o mesmo bê-a-bá, estaremos lendo uma realidade cruel que vai se descortinando diante dos nossos olhos.



Um comentário:

  1. Concordo com muitas de suas palavras Marcos, a baixa escolaridade não significa ausencia de competencia para atuar como governante, o que acontece é q muito desses vereadores não tem compromisso social e continua com a ilusão de que comprar um caixão, levar um doente em salvador é o máximo de comprometimento com a população.

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