Há séculos a sociedade brasileira luta pelo direito a terra e pela dignidade da vida do trabalhador, especialmente no campo. Entretanto, essa batalha sempre foi muito árdua, enfrentando grandes corporações do agro negocio nacional e internacional, como a Cargill, a Bunge, etc. organizações como a UDR (União Democrática Ruralista) que representa burguesia do campo, além do congresso Nacional. Essa tropa de choque que reprime os movimentos sociais de luta pelo campo ganha mais um aliado: a câmara de vereadores de Itaberaba.
Os números de conflitos gerados pelo direito à terra no Brasil são alarmantes. Segundo o Relatório parcial da CPT – Comissão Pastoral da Terra, de janeiro a junho de 2009 foram 366 conflitos no campo. Chega a 393 o número de famílias que foram expulsas de forma truculenta por jagunços capitaneados por fazendeiros. Enquanto isso a reforma agrária não avança e o MST continua resistindo, promovendo suas marchas e ocupações dos latifúndios. Mas essa atuação tem um custo e essa resistência tem levado setores conservadores da sociedade e do Congresso Nacional a apertar o cerco contra os militantes e trabalhadores.
De uma coisa, grande parte da sociedade brasileira reconhece: o congresso nacional não representa o povo brasileiro. A reforma política nunca saiu do papel e a bancada ruralista mais uma vez ta mostrando a que veio: privilegiar os lucros do agronegócio, sucatear a agricultura familiar e criminalizar os movimentos de luta pela terra, Principalmente o MST.
A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) porpôs a criação de CPI para “investigar” o MST. A abertura dessa Comissão também conta com o apoio do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) Ronaldo Caiado (DEM-GO). Logo após essa proposta ser protocolada no Congresso, a sociedade, entidades, movimentos sociais, juristas, artistas e intelectuais saíram em defesa do MST. A pressão da sociedade fez com que 45 deputados recuassem a retirassem seus nomes do requerimento. Nesse episódio, a pressão popular fez os reacionários sofrerem mais uma derrota.
Enquanto isso, na Câmara de vereadores de Itaberaba, o vereador Frei Dito do Partido dos Trabalhadores encaminhou uma moção de repúdio contra a abertura da CPI. Após a defesa feita pelo vereador Dito, Ricardo Pimentel (sim, aquele mesmo que foi líder de Jadiel e atual membro do mesmo partido, ex-DEM, e que distribuía panfletos onde tinha estampado sua foto abraçado com ACM), pediu a palavra pra dizer que era “favorável a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito por não concordar com os métodos adotados pelo MST, e quem não deve não teme”. Sabendo o vereador que essas políticas de ataques nada têm a ver com o fato do MST “dever ou não” e sim uma tentativa de intimidar o movimento e quebrar o prestigio que tem com a sociedade brasileira na defesa de seus direitos fundamentais.
O resultado da votação não poderia ser diferente. Seis vereadores votaram contra a moção e apenas dois votaram a favor. Foram eles: Dito e Alinaldo (que dias depois disse que se arrependeu do seu posicionamento e que se fosse possível mudar o voto seria contra a moção e a favor da abertura da CPI). Ou seja, apenas o vereador proponente que defende essa bandeira de luta e é contrario a criminalização dos movimentos sociais. Os demais se posicionam a favor dos exploradores e contrários a mobilização popular.
Portanto, a população de Itaberaba deve está atenta a atuação dos vereadores e quais os interesses que eles defendem. Ficou provado que o resultado das últimas eleições não muda muito a configuração da Câmara de vereadores e a tão falada renovação de 80%, não representou uma mudança de pensamento diante de questões tão importantes para o nosso povo.
Por Marcos Ferreira