quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A política do “Pegar ou largar”!

Ouvindo o programa A Voz da Comunidade (rádio comunitária Rosário FM dia 29/10/09) a ligação de Claudine (presidente do Sindservi) me chamou atenção!

A ligação de Claudine foi para falar sobre o aumento do salário dos servidores municipais, em torno de 7%. Sem dúvida isso foi uma conquista para os servidores, porém essa conquista foi ceifada com a manutenção do veto parcial do projeto. O prefeito vetou o trecho que estabelece obrigatoriedade da prefeitura em pagar também o retroativo.

(Claudine falou que o sindicato concordou com a manutenção do veto, já que o poder executivo explicitou claramente que entrará na justiça, caso o veto fosse derrubado na Câmara de Vereadores e prejudicaria o reajuste salarial.

Isso de fato consiste em um ganho para os servidores, porém algumas questões precisam melhor ser discutidas. Apresentando uma argumentação pífia que era a hora de “pegar ou largar” e que “seria o melhor para o momento”. Nessa episódio, ela se colocou numa situação total de subordinação ao prefeito João Filho, e se contentou com a opressão, com a imposição do prefeito, diante de um sindicato que deveria organizar a luta da classe trabalhadora e propor melhoras para a categoria.

O mais absurdo é aceitar passivamente essa situação e não se manifestar contrariamente a imposição do prefeito e não ter chamado a categoria para a negociação. Acredito que nessa situação, é mais que necessário reorganizar a luta, pautar as reivindicações e discutir qual a melhor saída para resolver essa situação e não aceitar ditames do poder executivo. Porém, acho difícil a condução dessa luta, quando as pessoas que se colocam como vanguarda, ofendem sua classe chamando servidores de “rabo preso”, afastando ao invés de unir por uma causa em comum.


Marcos Ferreira

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Câmara de vereadores de Itaberaba reforça ataque aos movimentos sociais.

Há séculos a sociedade brasileira luta pelo direito a terra e pela dignidade da vida do trabalhador, especialmente no campo. Entretanto, essa batalha sempre foi muito árdua, enfrentando grandes corporações do agro negocio nacional e internacional, como a Cargill, a Bunge, etc. organizações como a UDR (União Democrática Ruralista) que representa burguesia do campo, além do congresso Nacional. Essa tropa de choque que reprime os movimentos sociais de luta pelo campo ganha mais um aliado: a câmara de vereadores de Itaberaba.

Os números de conflitos gerados pelo direito à terra no Brasil são alarmantes. Segundo o Relatório parcial da CPT – Comissão Pastoral da Terra, de janeiro a junho de 2009 foram 366 conflitos no campo. Chega a 393 o número de famílias que foram expulsas de forma truculenta por jagunços capitaneados por fazendeiros. Enquanto isso a reforma agrária não avança e o MST continua resistindo, promovendo suas marchas e ocupações dos latifúndios. Mas essa atuação tem um custo e essa resistência tem levado setores conservadores da sociedade e do Congresso Nacional a apertar o cerco contra os militantes e trabalhadores.

De uma coisa, grande parte da sociedade brasileira reconhece: o congresso nacional não representa o povo brasileiro. A reforma política nunca saiu do papel e a bancada ruralista mais uma vez ta mostrando a que veio: privilegiar os lucros do agronegócio, sucatear a agricultura familiar e criminalizar os movimentos de luta pela terra, Principalmente o MST.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) porpôs a criação de CPI para “investigar” o MST. A abertura dessa Comissão também conta com o apoio do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) Ronaldo Caiado (DEM-GO). Logo após essa proposta ser protocolada no Congresso, a sociedade, entidades, movimentos sociais, juristas, artistas e intelectuais saíram em defesa do MST. A pressão da sociedade fez com que 45 deputados recuassem a retirassem seus nomes do requerimento. Nesse episódio, a pressão popular fez os reacionários sofrerem mais uma derrota.

Enquanto isso, na Câmara de vereadores de Itaberaba, o vereador Frei Dito do Partido dos Trabalhadores encaminhou uma moção de repúdio contra a abertura da CPI. Após a defesa feita pelo vereador Dito, Ricardo Pimentel (sim, aquele mesmo que foi líder de Jadiel e atual membro do mesmo partido, ex-DEM, e que distribuía panfletos onde tinha estampado sua foto abraçado com ACM), pediu a palavra pra dizer que era “favorável a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito por não concordar com os métodos adotados pelo MST, e quem não deve não teme”. Sabendo o vereador que essas políticas de ataques nada têm a ver com o fato do MST “dever ou não” e sim uma tentativa de intimidar o movimento e quebrar o prestigio que tem com a sociedade brasileira na defesa de seus direitos fundamentais.

O resultado da votação não poderia ser diferente. Seis vereadores votaram contra a moção e apenas dois votaram a favor. Foram eles: Dito e Alinaldo (que dias depois disse que se arrependeu do seu posicionamento e que se fosse possível mudar o voto seria contra a moção e a favor da abertura da CPI). Ou seja, apenas o vereador proponente que defende essa bandeira de luta e é contrario a criminalização dos movimentos sociais. Os demais se posicionam a favor dos exploradores e contrários a mobilização popular.

Portanto, a população de Itaberaba deve está atenta a atuação dos vereadores e quais os interesses que eles defendem. Ficou provado que o resultado das últimas eleições não muda muito a configuração da Câmara de vereadores e a tão falada renovação de 80%, não representou uma mudança de pensamento diante de questões tão importantes para o nosso povo.


Por Marcos Ferreira