quinta-feira, 13 de maio de 2010

DIA DO TRABALHADOR E A POLÍTICA DO PÃO E CIRCO

O dia do trabalhador é um marco importante na vida do trabalhador e da trabalhadora de todo mundo e sobre esse tema, foi postado nesse blog um texto escrito por Emir Sader em homenagem a passagem do 1º de maio.

Esse ano, infelizmente, aconteceu poucos eventos promovidos pela militância em homenagem ao trabalhador e precisamos para o próximo ano, articularmos algo para que essa data não passe em branco. Entretanto, o prefeito de Itaberaba tentou sair a frente na comemoração, que não se sabe se por ironia, resolveu promover um famigerado evento, que teve seu encerramento com um sorteio de uma moto.

Uma coisa é fato: João Filho nunca esteve ao lado do trabalhador. Dentre as varias medidas adotadas por ele recentemente estão à perseguição aos comerciantes e camelôs, o Decreto 218 que corta direitos dos trabalhadores como insalubridade e adicional noturno, o reajuste irrisório em torno de 4% para os servidores municipais, etc.

No entanto, na tentativa de esconder todas essas ações, desfilou em carro aberto pela cidade na companhia da primeira dama Maíra (que é também secretária de Ação Social) anunciando o sorteio de uma moto. Veio também acompanhado por um carro de som e um “buzinaço” promovido pelos mototaxistas (trabalhadores importantes na nossa cidade) que esperavam serem contemplados com o sorteio.

No final, não sei quem ganhou, mas quem saiu perdendo mesmo foi à cidade, que perdeu uma boa oportunidade de se mobilizar e discutir sobre as atuais condições dos trabalhadores da nossa cidade e no mundo. Além disso, propor também novos rumos para a classe e buscar cada vez mais mecanismos de luta, reconhecendo os avanços, os revezes, não perdendo de vista que uma sociedade mais justa é possível.

O prefeito com esse sorteio parece que tirou a sorte grande: conseguiu frear em parte a organização da classe, vai tocando sua política eleitoreira, e tudo isso com a carta branca da Câmara de vereadores, já que ele controla mais de 2/3 da Casa Legislativa. Enquanto a gente vai aos hospitais públicos tentando a sorte de sermos atendimentos, vamos a escola tentando achar vagas, torcendo para que nossas casas não sejam invadidas pelas águas da chuva, é o prefeito que tem o “bilhete premiado” e toca da maneira que bem quer, os rumos da política e a vida dos trabalhadores desmobilizados em Itaberaba.

Por Marcos Ferreira

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dia do Trabalhador: trabalhar menos, para trabalhar todos

O capitalismo é o sistema econômico que mais transformou a face da humanidade até aqui – como o próprio Marx havia reconhecido no Manifesto Comunista. Porém, a estrutura central do capitalismo se articula pela separação entre os produtores da riqueza e os que se apropriam dela, entre os trabalhadores e os capitalistas.

Esse processo de alienação do trabalho – em que o trabalhador entrega a outro o produto do seu trabalho – percorre todo o processo produtivo e a vida social. O trabalhador não se reconhece no que produz, não decide o que vai produzir, com que ritmo vai produzir, qual o preço de venda do que ele produz, para quem ele vai produzir. Ele é vítima do trabalho alienado, que cruza toda a sociedade capitalista. Ele não se reconhece no produto do seu trabalho, assim como o capitalismo não reconhece o papel essencial do trabalhador na sociedade contemporânea.

A luta dos trabalhadores, ao longo dos últimos séculos foi a luta de resistência à exploração do trabalho. Esta se dá pela apropriação do valor do trabalho incorporado às mercadorias, que não é pago ao trabalhador e alimenta o processo de acumulação de capital.

Não por acaso o Primeiro de Maio, dia do Trabalhador, foi escolhido para recordar o massacre de trabalhadores em mobilização realizada em Chicago, pela redução da jornada de trabalho - uma das formas de busca de diminuição da taxa de exploração do trabalho.

Neste ano o tema central do Primeiro de Maio será o da diminuição da jornada de trabalho. A grande maioria da população vive do seu trabalho, acorda bem cedo, gasta muito tempo para chegar a seu local de trabalho, onde ficará a maior parte do seu dia, gastando muito tempo para retornar, cansada, apenas para recompor suas energias e retomar no dia seguinte o mesmo tipo de jornada. Para trabalhar de forma alienada e receber um salário que, em grande parte dos casos, não basta sequer para satisfazer suas necessidades básicas. Uma vida tão sacrificada produz todas as riquezas do país, embora não tenha o reconhecimento e a remuneração devida.

Só isso bastaria para que um dos objetivos nacionais devesse ser o da redução da jornada de trabalho. Que o desenvolvimento tecnológico não seja apropriado pelos grandes capitalistas para maximizar a taxa de lucro, mas reverta para a diminuição da jornada de trabalho, para o pleno emprego, para a melhoria das condições de trabalho da massa trabalhadora.

Que o Brasil conclua os dois mandatos de um trabalhador como presidente da República, diminuindo a jornada de trabalho!

por Emir Sader
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