sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

É presidenta, mesmo ! Com “a”

Marcos Bagno: É presidenta, sim!

O Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma “presidenta”, que assim seja chamada.

Se uma mulher e seu cachorro estão atraves-sando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido inscrustada na gramática das línguas.
Somente no século 20 as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar. Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França. Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”.

Agora que temos uma mulher na Presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como CartaCapital, decide usar única e exclusivamente presidente. E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua.

Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na Presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta. O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta?

Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça…” Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse. Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples – e no lugar de um –a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública.

Marcos Bagno é professor de Linguística na Universidade de Brasília.
Via CartaCapital

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

verbas do FUNDEB sofrem rateio em Itaberaba

No fim do ano de 2010, além fatídica eleição para a presidência da Câmara de Vereadores, um outro fato não pode passar despercebido. Foi o rateio da verba do FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, entre os professores do município. Para, tanto prefeitura convocou uma reunião extraordinária com os vereadores para que aprovassem o tal rateio com a verba federal. Mas o que está por trás de tal rateio?

A reunião não foi Para conseguir maioria na Câmara, rateando a administração pública, dividindo cargos e áreas de influência dentro do governo. Mas dessa vez, foi por uma outra questão: como ratear os recursos  federais da educação no município entre os professores. Os principais argumentos da administração era que o município de Boa Vista do Tupim (com o jeito tucano de (des)governar) já adotava essa política, além de evitar que os recursos retornasse para o governo federal.

No fim das contas o rateio foi aprovado, porém, é necessário deixar claro que se o dinheiro "sobrou" no fim do ano, foi por falta de qualidade na discussão e administração dos recursos. É inadimissível que a Secretaria de Educação corte linhas de transportes para crianças da zona rural para diminuir os "custos", como aconteceu no ano de 2010, para sobrar dinheiro no fim do ano.

Para justificar o não gasto dessa verba, tivemos o fechamento de escola nos bairros em amotoamento de crianças de várias localidades distantes em um único espaço, corte de linhas de transporte escolar, a política de contratação que acarreta em uma série de perdas e garantias para os professores e damais servidores contratados, atraso nas obras das escolas, etc.


Esse foi o preço alto que pagamos para "sobrasse" dinheiro. A prefeitura numa tacada de mestre, tenta silenciar a precarização do trabalho docente no município ao ratear a verba que restou, deixando de fora da discussão questões fundamentais como o reajuste e perdas salariais, abertura de concurso público para preenchimento de vagas, formação continuada para os trabalhadores da educação, etc. Esperamos que esse não represente um réves na luta dos educadores, já que esse ato do prefeito nem de longe representa uma política de valorização profissional.


Por:  Marcos Ferreira